Por: Maria Ivonete, acadêmica do 4° período de Jornalismo
Após oito anos do início da implantação do Parque Eólico Chapada do Araripe III no município de Simões, o que fazem e como vivem os arrendatários das terras que receberam aerogeradores?
Em 2014 a empresa Casa dos Ventos iniciava no povoado Serra dos Cláudios a implantação de um canteiro de obras que seria umas das bases responsáveis pela fundação dos parques eólicos Chapada do Araripe. Investindo bilhões, a empresa beneficiou cerca de 70 famílias com o arrendamento de terras para a implantação dos aerogeradores na região. Mas como vivem essas famílias hoje em dia? O progresso de um município deve estar associado ao bem estar social. Por isso, conversamos com o agricultor José Valdeci da Silva, um dos arrendatários do povoado, para saber quais foram os impactos positivos e negativos que ele observa anos depois do processo de implantação das torres.
“Onde pega a torre, a gente perde uma hectare de terra, pois fica improdutiva, e as laterais da terra também não produzem por conta que foi feita a estrada e isso causa prejuízo, com essa terra improdutiva termina que não há plantação, o que diminui também o pasto para os animais”, explica José Valdeci.
Economia
Para o agricultor José Valdeci, as principais vantagens são a remuneração que os proprietários recebem mensalmente por arrendarem suas áreas e a geração de serviços. O agricultor ressaltou também que acredita que mesmo com as vantagens, as empresas são as principais beneficiadas.
“as únicas vantagens que elas nos trouxeram foi o fato de ficarem pagando o valor de 1.800 por mês de onde ela ocupou a área e a geração de trabalhos, porque empregou muita gente, eles pagavam bem e não atrasavam no pagamento, isso facilitou o dia a dia das pessoas, porém acho que não foi tamanha vantagem, pois acredito que para a empresa as torres geraram muito mais lucros”, ressalta José Valdeci.
Ruído
Para o agricultor, o convívio com o alto som dos aerogeradores fica mais fácil para pessoas que têm casas forradas, as que não têm, sofrem bastante com o ruído.
“Esse barulho que elas fazem para quem está com a casa forrada, dorme bem, agora aquelas pessoas que não têm, eles estão sofrendo por conta do som alto deles [aerogeradores] girando, só que com o som as pessoas acabam se acostumando, porque assim como nas grandes cidades tendo barulho ou não as pessoas acabam dormindo bem”, afirma José Valdeci.
Riqueza
José Valdeci acrescenta que o dinheiro não é suficiente para investir em outras áreas, principalmente por conta do momento de inflação que o país vive, quando a renda das pessoas tem sido suficiente apenas para cobrir os gastos diários.
“Não dá para investir, porque a inflação de hoje cobre tudo que você ganha, por isso não sobra para investir, o que eles chegam a pagar é um salário mínimo e um quarto de outro, nessa região, não sei em outras, mas aqui eles pagam 1800 por mês”, afirma o agricultor.
Sustentabilidade e responsabilidade social
As empresas responsáveis pela implantação dos parques eólicos tentam diminuir ao máximo os impactos no ambiente e na sociedade. Por isso durante o processo de construção dos parques eles investem em projetos sociais e sustentáveis, os investimentos nas comunidades ou povoados vão desde cursos de capacitação de trabalho ao lazer. No povoado Serra dos Cláudios, a empresa Cubico trouxe um Centro Esportivo e uma Academia para os idosos, o que possibilitou mudanças no dia a dia dos jovens e idosos que passaram a ter hábitos mais saudáveis.
O jovem Luís de Carvalho Costa conta que o Centro Esportivo trouxe visibilidade e qualidade para pratica de esportes no povoado, o rapaz também agradeceu aos colaboradores que foram responsáveis por construir o local.
“O Centro Esportivo além de trazer visibilidade para nosso povoado Serra dos Cláudios, ele nos trouxe uma qualidade para pratica do esporte, sendo que o ponto forte da nossa cultura é o futebol, então nos proporcionou muitas alegrias, agente só tem a agradecer a todos os colaboradores que fizeram esse espaço no nosso município de Simões”, pontuou Luís.
Nem mais ricos, nem pobres, pois continuam levando a vida com a agricultura e com a renda garantida pelas torres eólicas.