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Pesquisadores e profissionais refletem sobre silenciamento e homofobia no ambiente laboral

Por: Amilton Macário e Jamile Bezerra.

Você sabia que os valores humanos podem possuir influência direta nas nossas ações? Felipe Almondes, no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), abordou o tema acerca dos traços da personalidade, valores humanos e atitudes homofóbicas, fatores que podem conter ligação e corroborar para a prática do silenciamento no ambiente de trabalho. O pesquisador conseguiu obter nota máxima na sua pesquisa e, atualmente, é um profissional da psicologia.

De acordo com Felipe Almondes, os resultados do estudo mostraram a relação existente entre os traços de personalidade e os valores humanos, como também a ligação desses dois fatores com as atitudes homofóbicas em si dentro do âmbito laboral. Sobre a importância desse assunto, Felipe ressaltou:

“Carrega importância por poder dar voz a um grupo de pessoas, a um público, a um espaço, a vivências que até então não possuíam pesquisas atuais que unissem todos esses grandes aspectos que o tema traz. Então saber que isso pode contribuir para mais pesquisas e para uma maior visibilidade desse tema de extrema relevância me deixa muito feliz”, conta Felipe Almondes.

Felipe Almondes, psicólogo e pesquisador (Foto: Arquivo pessoal)

Com base no que foi destacado pelo pesquisador, é válido entender a necessidade de tratar sobre temas voltados para o assédio moral e a homofobia no cenário brasileiro, haja vista que as pessoas do grupo LGBTQIAPN+ sofrem agressões físicas e verbais diariamente, de acordo com pesquisas do PoderData, 63% dos brasileiros acreditam que existe preconceito contra homossexuais no Brasil.

O psicólogo Anderson Veloso, especializado na vertente da sexualidade, frisou que recebe corriqueiramente casos e relatos de homofobia, tanto no ambiente de trabalho, quanto em outros âmbitos, o profissional ainda falou um pouco sobre a relação dos valores humanos com as atitudes homofóbicas.

“Quando nós pensamos sobre os valores sociais, valores morais e valores religiosos, por exemplo, podem estar associados diretamente com a questão de atitudes homofóbicas”, destaca o psicólogo.

Anderson Veloso, professor e psicólogo (Foto: Arquivo pessoal)

Analisando o cenário e entendendo o lugar de fala de cada grupo social, trouxemos o posicionamento de Lucas Lima acerca do tema em questão, que se intitula como parte da comunidade LGBTQIAPN+ e já foi vítima de homofobia dentro do ambiente laboral. Lucas destacou que mesmo já existindo diversos avanços em termos dos direitos da comunidade e uma maior conscientização acerca do tema, infelizmente, as condutas negativas contra o grupo ainda são muito presentes no ambiente de trabalho, no cenário brasileiro e, principalmente, além das fronteiras do país.

“Eu acredito que é fundamental promover a educação e implementar políticas de inclusão para combater esse tipo de comportamento no ambiente de trabalho e na sociedade em si, afim de garantir um ambiente de trabalho mais respeitoso, seguro e harmônico para todos”, relata.

Lucas Lima, dentista (Foto: Amilton Macário)

CATEGORIAS E IMPLICAÇÕES JURÍDICAS

De acordo com dados apontados pelo Tribunal Superior do trabalho, são recebidas mais de 6,4 mil ações por mês relacionadas ao assédio moral no ambiente trabalhista. Dessa maneira, percebemos o quanto essas condutas estão presentes no cenário brasileiro, o que pode ocasionar implicações jurídicas para os autores da ação. O advogado Felipe Alves destacou algumas das consequências que podem ser acarretadas para os indivíduos que efetuam ações de silenciamento e suas ramificações no ambiente laboral.

“Se o funcionário estiver sendo silenciado por levantar preocupações legítimas, sobre por exemplo questões de segurança, ética ou práticas inadequadas no ambiente de trabalho, isso pode violar leis trabalhistas que levam a uma consequência, como por exemplo, uma rescisão indireta. Já se o silenciamento for voltado para características protegidas por lei, como gênero, raça, religião, orientação sexual e idade, isso pode constituir uma discriminação e ser ilegal. Assim, para ser, de fato, definida a devida e cabível punição, a vítima precisa ir em busca das autoridades”, explica.

João Felipe Alves, advogado (Foto: Arquivo pessoal)

Em suma, percebe-se a abrangência e importância do tema apresentado pelo pesquisador Felipe Almondes, em que destaca diversas camadas e causas sociais, e traz à tona discussões que merecem estar cada vez mais presentes e visibilizadas no âmbito social. Ainda, como forma de expandir estudos relacionados a esse tema, o pesquisador destacou possibilidades, como por exemplo, uma utilização com um maior número de trabalhadores que possa ser realizada em estados distintos do Brasil, para se obter um resultado ainda mais claro e preciso.

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